As cinzas dos corpos
de Cledione Ferraz do Amaral, de 34, e da filha Wendy Ferraz do Amaral, de 10,
encontradas mortas na Flórida, nos EUA, chegaram ao Brasil na última
quinta-feira (13), mais de dois meses após o crime. Morando em Formosa, no Entorno do Distrito Federal, a
família aguarda parentes para o sepultamento, que deve ocorrer na próxima
semana. “Elas saíram com vida e voltaram em duas caixinhas, é muito triste. Mas
vamos dar o descanso que elas merecem”, disse ao G1 a irmã de Cledione,
a estudante de direito Suenia Ruppenthal.
Mãe e filha
foram encontradas mortas dentro de um carro, na garagem da casa em que viviam,
em Orlando. No veículo também estava o marido de Cledione, Márcio Ferraz do
Amaral, de 45 anos. Suenia não soube informar se o corpo do cunhado também
chegou ao país porque não mantém contato com a família dele.
Após ganhar as
passagens aéreas, a estudante de direito foi aos Estados Unidos para cuidar da
cremação e do traslado das cinzas. Segundo Suelen, o procedimento demorou
mais do que o esperado porque familiares de Márcio entraram na Justiça para
exigir a divisão das cinzas da sobrinha.
“Pela
legislação, as cinzas devem ficar com os avós maternos, no caso, meus pais. Nós
assinamos a autorização para dividir porque, se não concordássemos
amigavelmente, isso levaria meses para ser decidido, o que causaria mais
sofrimento. Além disso, geraria mais gastos com advogado e nós não temos
condição de pagar”, explica.
Suelen reclama
que não recebeu ajuda do consulado brasileiro. "Não quero mais saber do
consulado e do governo. Eles não puderam me ajudar nem com um intérprete. Não
fizeram nenhum telefonema enquanto eu estava lá. Enfrentei tudo sozinha e
contei com a ajuda amigos", afirma.
Procurado pelo G1,
o Ministério das Relações Exteriores, por meio do Consulado-Geral do Brasil em
Miami, informou, em nota, que "desde o início acompanhou o caso junto às
autoridades locais e aos familiares das vítimas, prestando assistência consular
à família no limite das possibilidades legais.
O orgão afirmou ainda que
"o Consulado ofereceu informações relativas aos trâmites funerários e
eventual traslado dos corpos para o Brasil, bem como se dispôs a prestar
qualquer assistência que se fizesse necessária".
A investigação
sobre o crime ainda não foi concluída. De acordo com a estudante, a família
está pagando um advogado para acompanhar o inquérito nos Estados Unidos.
Morte
O corpo dos três foram encontrados no dia 7 de dezembro de 2013. De acordo com
o noticiário americano WFTV, a polícia da região de Orange County acredita que
pai, mãe e filha já estavam mortos há pelo menos três semanas. Segundo o
noticiário, um representante do condomínio onde viviam os Amaral sentiu um
cheiro forte na residência e chamou a polícia. Os corpos foram encontrados já
em estado de decomposição.
Não havia sinais
de arrombamento da residência nem de ferimentos nas vítimas. De acordo com a
imprensa local, a polícia trabalha com a hipótese de que as mortes tenham sido
resultado de duplo homicídio seguido de suicídio.
O casal se mudou
há cinco anos para os EUA. Amaral era piloto de avião e a mulher trabalhava em
um parque temático da Disney em Orlando. Segundo Suenia, amigos da família que
moram na Flórida informaram que ultimamente Márcio trabalhava em uma empresa
aérea que fazia voos para a Índia.
Suenia não
acredita na hipótese de suicídio levantada pela polícia americana. "Eles
eram muito felizes e não tinham motivos para se matar. A gente se falava pela
internet com frequência, mas o último contato já tinha cerca de um mês. Mesmo
assim, sei que eles estavam realizados lá e se amavam", relatou.
A estudante
também disse que a família não tinha conhecimento de que o casal passava por
dificuldades financeiras. "A mulher que alugava a casa disse que eles não
pagavam o aluguel há cinco meses. Mas não sabíamos disso, ainda mais porque
eles trabalhavam e levavam uma vida confortável lá", afirmou Suenia
Fonte: g1.com/go