A morte
do ator e diretor José Wilker, neste sábado (5), também deixou um vazio na
cultura pernambucana. Nascido no Ceará, Wilker se mudou ainda criança para o
Recife e sua história se mistura à do teatro popular de Pernambuco, onde
começou a carreira. Para personalidades da área, o ator e diretor deixa saudade
e também sua marca na luta pela cultura local.
José Wilker começou sua carreira no teatro no Movimento de Cultura Popular
(MCP) do Partido Comunista. Fundador do movimento, o ex-prefeito de Olinda
Germano Coelho se lembra do menino magrinho que chegara ao grupo. "Eu me
recordo dele representando diversas peças onde hoje é o Sítio da Trindade [Zona
Norte do Recife]. O teatro foi uma parte muito importante dentro do movimento,
principalmente junto da juventude", contou Coelho.
O secretário de Cultura de
Pernambuco Marcelo Canuto, lembrou que, em diversas entrevistas, Wilker
ressaltava sua ligação com o estado. "Ele era uma referência de produto
cultural brasileiro. Ele sempre teve uma profundidade e um compromisso muito
grande, primeiro com o teatro, depois com a televisão e o cinema.
Pernambuco também tem que homenagear e reconhecer que ele teve e tem na cultura
pernambucana", apontou Canuto.
Em nota, o atual governador
de Pernambuco, João Lyra Neto, relembrou a trajetória de Wilker e registrou
"com enorme pesar a morte deste grande artista profundamente ligado à
cultura do nosso estado, intelectual militante das causas populares e, antes de
tudo, um grande brasileiro". Cine PE
José Wilker tinha uma relação com o Cine PE desde os primeiros festivais. Em
1998, inclusive, foi o apresentador da solenidade de encerramento. Em 1997, foi
o primeiro ano em que veio como convidado. No total, ele esteve no festival 6
vezes, as duas últimas ele veio para divulgar "Bem Amado", de Guel
Arraes, e no ano passado, para divulgar "Giovani Improtta", longa que
dirigiu. Passou uns três dias na cidade da última vez que veio.
O
Cine PE, marcado para o dia 26 de abril, já contava com a presença do ator,
pois ele seria um dos homenageados, junto com Laura Cardoso e
os 50 anos do filme "Deus e o Diabo na terra do Sol", de Gláuber
Rocha. Wilker iria chegar no dia 1º de abril.
"Fomos pegos de
surpresa, mas a homenagem continua, agora mais que nunca. Só vai ter o formato
reformulado. Era para ele estar aqui com a família, com os amigos. Falei com
ele na quinta-feira passada e iríamos nos encontrar na semana que vem, no Rio
de Janeiro. Ele ia me dar a lista de amigos e família que ele queria que
estivessem na homenagem. Ele até brincou: 'quero botar eles na primeira fila,
para me aplaudirem'. Para quem não sabe que a gente tinha a homenagem prevista
desde o ano passado para Wilker vai achar que a homenagem é porque ele morreu,
mas estamos fazendo pela vida e obra dele, pelo que ele trouxe para o estado. É
um cara com 49 filmes, diretor de um, crítico, curador, um artista",
contou.
José Wilker tinha ainda três irmãs que
moram em Pernambuco. Muito emocionadas, as três preferiram não dar entrevistas,
mas seguem ainda hoje para o Rio de Janeiro, de acordo com a família.
Fonte: g1.pe
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