quinta-feira, 13 de março de 2014

Município de Cavalcante recebe a primeira turma de Pedagogia a Distância pela UnB




Com a chegada do curso de Pedagogia da UnB/UAB, município do nordeste goiano espera em médio prazo melhorar a qualidade da escolarização na zona rural da cidade a charmosa cidade de Cavalcante no nordeste goiano é um aconchegante destino turístico dentro da Chapada dos Veadeiros. 

Mas não chega aos olhos dos visitantes os desafios de levar educação básica a uma população dispersa em 7 mil Km². 

Onde casas podem ficar dezenas de quilômetros uma das outras, com baixa qualidade no fornecimento da rede.

Cavalcante possui 32 escolas municipais, destas 28 estão localizadas na Zona Rural da cidade. 

Com o norte de melhorar a qualidade do ensino básico principalmente no campo, a população se mobilizou e viabilizou a construção em um ano um Polo de Apoio Presencial de acordo com o edital da Universidade Aberta do Brasil (UAB).  

Fruto deste esforço coletivo, na última sexta-feira (07), a Universidade de Brasília (UnB) iniciou uma turma do curso de Pedagogia a Distância para 28 alunos no polo da cidade.

Em uma solenidade marcada pela emoção, alegria e com direito até a trote na saída do polo, o secretário de educação Rosemberg Batista Dias não escondia a gratidão e satisfação com a chegada do ensino superior ao município. 

“Nossa tarefa é de melhoria do ensino básico e onde encontramos as maiores dificuldades”. Ele comenta as dificuldades diárias de crianças que caminham longas distâncias para chegar até o transporte. “Com a chegada do Polo de Apoio Presencial, agora tornou-se possível formar alunos em Pedagogia. Porque antes era inviável fazer os alunos irem até as metrópoles”.

Rosemberg declarou total apoio e mobilização por parte da prefeitura para trazer novos cursos de extensão para a cidade. Agora, diz o secretário, a capacitação de professores graduados locais irá coincidir com a aposentadoria de seus colegas em atuação nas escolas.  “Em cinco anos iremos abrir concurso público e esperamos contar que a turma pioneira de pedagogia da cidade passe no certame”, encerrou.

Filhos de Cavalcante

Faustina Pereira da Cunha, 19 anos, é uma das alunas do primeiro curso de Pedagogia à qual Rosemberg espera que em breve atue como educadora em Cavalcante. Ela própria diz que já estava tudo pronto para ela se mudar para Brasília para entrar no ensino superior quando foi informada que a UnB iria trazer um curso de Pedagogia. 

“Quando eu soube do curso, apostei tudo nele e estudei até passar no vestibular diante de 90 concorrentes“. Faustina conta que sempre quis ser professora na cidade. Agora não vê a hora de dar o melhor de si na educação de seus conterrâneos.

Colega de turma de Faustina, Alessandra Rosa dos Santos, 33 anos já trabalha como professora de todas as disciplinas para uma turma da 5º ano do ensino fundamental da cidade Ao seu exemplo, ela conta que no munícipio há um número equilibrado de professores tanto com curso formação superior como sem. 

Agora, sua expectativa é levar em breve uma nova metodologia para a sala de aula. “Sei da importância do domínio técnico. Diante das dificuldades dos alunos, o professor assume várias funções que vão desde pai, assistente social, amigo e até psicólogo do aluno”.

À frente do trabalho como tutora presencial da primeira turma de Pedagogia. Elidiane do Carmo, 24 anos, trilhou pelo mesmo caminho que Faustina e Alessandra. 

Ela se formou em 2013 na primeira turma de Pedagogia ofertada pela UnB em Alto Paraíso, distante 90 quilômetros de Cavalcante. Hoje, além de agente de saúde ela atuará na orientação desta nova turma que chega à cidade. “Acabei me apaixonado pela educação”.  

Elidiane diz que a maior contribuição que o curso lhe deu, tanto profissionalmente quanto pessoalmente, foi uma diferente visão para a educação. “Vim do modelo tradicional onde imperava a figura autoritária do professor. 

O que ele escrevia no quadro o aluno copiava e não questionava”. Agora, a tutora presencial diz ver que há liberdade no fluxo das ideias na construção do conhecimento entre alunos e professor. E então afirma: “A interdisciplinaridade e o dinamismo lúdico fazem com que os conteúdos não fiquem maçantes e repetitivos. Hoje, na sala de aula trabalho com o convencimento e a descontração”.

Elidiane diz que sua maior motivação para assumir este cargo foi o esforço da sua tutora presencial em Alto Paraíso. “Foi ela que estimulou a todos nós a formar. Eu mesma pensei várias vezes em desistir”, desabafa.  Agora, se espelhando no trabalho da colega, Elidilane deseja contribuir da mesma forma para a turma que assumiu neste mês. “Como filha de Cavalcante desejo trabalhar para o crescimento da minha cidade e vou trabalhar para toda a turma não desistir do curso”.

Tecnologia que aproxima

Com mais de 490 vagas ofertadas, o curso de Pedagogia promovido pela UnB está presente em nove Polos de Apoio Presencial da UAB. Agora em março inicia-se o trabalho em mais três polos no Acre.

Para prestigiar a abertura do polo, as professoras da UnB Carmenísia  Jacobina Aires, diretora da Faculdade de Educação (FE/UnB)  e a coordenadora do curso de pedagogia a distância Ruth Lopes estiverem presentes na solenidade de abertura. 

Carmenísia comentou aos presentes que as distâncias se encurtam com as tecnologias porque trouxe a democratização e interiorização do ensino superior. 

Tocantinense, ela disse que teve que sair da sua cidade em busca da formação superior. Por isso ela pede às alunas muita disciplina e organização do tempo para conciliar sua vida pessoal com a dedicação necessária para concluir o curso.  “O momento é de realização de uma conquista que não vai parar, ela deve continuar. 

O ensino a distância não é outra educação, é apenas uma das modalidades da educação. O meu doutorado mesmo foi realizado à distância”. Por fim, Carmenísia disse a turma pioneira para agarrar a esta oportunidade conquistada. “O curso não veio de mão beijada. A cidade demandou, a faculdade analisou e aceitamos o desafio”, disse.

Colega de cadeira acadêmica da diretora da FE/UnB, a professora Ruth Lopes  não escondia a satisfação de estar na cidade e deu as boas vindas aos alunos e expressou o desejo de voltar em 2018 para ver a turma formada. Ela ressaltou a importância dos alunos porque sem eles esse curso a distância não iria existir.  

E para a turma de calouros, a professora pediu para que aproveitassem o polo como um espaço de interação, para trocar ideias e sugestões de leituras. “E, sobretudo, como um local da construção do saber de maneira coletiva”.

UAB

 A UnB, embora tenha seus estatutos assentados na modalidade presencial, tem uma história de pioneirismo em iniciativas de Educação a Distância no ensino superior brasileiro. 

O seu projeto original já preconizava, em 1961, o emprego das tecnologias na educação de forma democrática e criativa.

Por meio de parcerias com o Ministério da Educação, a UnB passa a atender de forma ampliada e regular as demandas dessa modalidade de graduação. Entre essas parcerias, que se iniciaram em 2005 e 2006, encontra-se o Programa Universidade Aberta do Brasil (UAB) das quais Cavalcante é contemplada a partir da última sexta-feira.

A UAB é um programa de grande porte, criado pelo Ministério da Educação, em 2005, com base na oferta de cursos de formação superior, executados na modalidade a distância por instituições da rede pública de ensino superior, com o apoio de Polos de Apoio Presenciais mantidos pelos municípios ou governos estaduais nos quais a UnB está presente em 31 unidades. 

O programa é promovido pela Coordenação de Ensino de Graduação a Distância (COEGD/UnB) e financiado pela UAB. Os polos oferecem a infraestrutura física, tecnológica e pedagógica para que os alunos possam acompanhar os cursos.

O Polo de Apoio Presencial também pode ser entendido como "local de encontro" onde acontecem os momentos presenciais, o acompanhamento e a orientação para os estudos, as práticas laboratoriais e as avaliações presenciais.



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