domingo, 10 de agosto de 2014

A CPI da PETROBRAS na opinião do Promotor de Campos Belos o Dr. Paulo Brondi


Por Paulo Brondi, Promotor de Campos Belos 

Ouvi murmurinhos sobre uma tal reportagem da revista semanal Brazilian Observer (ou Zóia!) sobre uma tal de "fraude" na CPI. 

A "fraude", o "escândalo", seria tão grande que os entusiastas já estariam pensando numa "CPI da CPI". Quando li a reportagem, quase caí "dis costas" de tanto rir. Bom, refeito, agora escrevo.

Claro que me assusta o fato de uma revista dessas atingir milhares de lares brasileiros e ser lida por gente, até mesmo, de bem. 


Mas, pior é saber que tudo que ela publica não passa de um jogo de má-fé, apostando na burrice - de parte - de seus leitores.

Ela traz uma reportagem de capa sobre a tal "fraude" que teria havido no depoimento dos investigados numa CPI - que, em verdade, neste país não serve pra nada, pois nada investiga. 


Teriam sido eles - os investigados - orientados a responder assim-e-assado.
Beleza.


Só esclarecendo aos incautos e leigos: no Brasil, um réu, um acusado, um investigado têm, por lei e constituição, direito de permanecer em silêncio, de confessar e também, óbvio, de mentir. Sim, de mentir. 


Ora, se a ele é dado o direito ao próprio silêncio, também é dado o direito à mentira. Isso porque a quem acusa cabe o ônus da prova, inclusive da prova de que o sujeito mente. Simples assim.

É claro que muitos não sabem disso, e, lendo a reportagem, ficam mesmo indignado.


Mas quem labuta no foro criminal sabe muito bem disso, e sabe muito bem que, não raras vezes, deparamo-nos com versões dos acusados que foram sabidamente treinadas, enfeitadas, ensaiadas. Sim, a coisa funciona assim mesmo. 


Que se vire o acusador pra provar que o cara mente. O sistema funciona assim. Já vi juiz deixar de decretar prisão temporária de investigado por acreditar que ele tem direito à não-autoincriminação. É, é assim mesmo, o que posso fazer...

"Ah, mas nos EUA existe o crime de perjúrio para o réu que mente". Fodam-se os EUA. Não moro lá, não trabalho lá, a constituição deles não é a minha. 


Só peçam pra que eles expliquem as décadas de apoio a conhecidíssimos regimes ditatoriais e corruptos por aí.

Enfim, o que aconteceu nessa CPI é o que acontece todos os dias, basta ter um advogado mediano. Pronto. Não é um "escândalo" tampouco um "fraude", minha filha.


Essa revista somente mais uma vez se aproveita para espezinhar o governo que ela tanto odeia, e que sempre odiará, porque a ela nunca pagou reportagens a seu favor. Aliás,o ódio de classe e o revanchismo é o que pautam as páginas da semanal.


Agora, uma coisa me intriga, e como sempre nas reportagens da Brazilian Observer: como ela "teve acesso ao vídeo"? Quem foi o terceiro participante que gravou a conversa? Leiam o que ela disse:


"A decupagem do vídeo mostra que, espantosamente, o encontro foi registrado por alguém que participava da reunião ou estava na sala enquanto ela ocorria. VEJA descobriu que a gravação foi feita com uma caneta dotada de uma microcâmera. 


A existência da reunião e seus participantes foram confirmados pelos repórteres da revista por outros meios — mas a intenção da pessoa que fez a gravação e a razão pela qual tornou público seu conteúdo permanecem um mistério."

Veja!, é fácil notar, influencia muita gente, nas cidades e nos pastos. A mim, faz apenas gargalhar.
 
 
Fonte: Blog Dinomar Miranda

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